domingo, 9 de setembro de 2012

The Dark Side of The Moon

"Se quem gosta respeita quem não gosta, porque é que quem não gosta não respeita quem gosta? Porque não nos deixam desfrutar das touradas em paz?"

É razoável que isto se questione... Vivemos numa sociedade em que todos merecemos respeito, em que todos temos a nossa liberdade. Temos direito à nossa liberdade de expressão, um direito fundamental nos dias que correm. E temos direito a nos manifestarmos quando encontramos injustiças no método de fazer as coisas.

Logo é justo os aficionados pedirem respeito pelos seus gostos. É legítimo. Como membros da nossa sociedade, irmãos seres humanos, iguais a todos merecem os mesmo direitos fundamentais que toda a gente. Por isso claro que ninguém vai impedir nenhum aficionada de assistir a uma corrida. Ninguém o deveria fazer. Mas uma coisa é respeitar os gostos de uma pessoa. Outra coisa é respeitar a actividade na qual esse gosto recai.

A prática das touradas não merece ser respeitada. Pois a sua prática vai contra direitos fundamentais em que muitos acreditamos. Eu não deveria ser obrigado a conviver com uma "tradição" que supõe o sacrifício físico de um animal em praça pública, livre para crianças assistirem, manchando a sua visão do mundo com o escarlate de uma morte desnecessária, mostrando que a vida não merece qualquer respeito por parte de nós seres humanos, porque nós somos superiores a todos os outros e temos o direito de os usar em nosso favor de qualquer forma que queiramos, por mais bárbara e imoral que ela seja.

Não, ninguém deveria ser obrigado a conviver com isto. Extrapolemos esta situação para uma situação hipotética:

Digamos que existe um país, de seu nome XY, que desde tempos imemoráveis tem uma tradição. Cães são criados como gado pelos produtores locais, recebendo chorudos subsídios do seu estado decadente. Estes cães, criados e selecionados para terem uma constituição física deveras possante e uma atitude extremamente agressiva, são depois lançados numa arena, onde homens devidamente armados lutam contra eles, dilacerando-lhes a carne com velozes estocadas das suas espadas ou esmagando-lhes o crânio com poderosas investidas de gigantescos martelos. Este espetáculo é muitíssimo apreciado em XY, e muitos dos XYianos o frequentam com regularidade. Faz parte da sua cultura. Mas existe quem contra esse espetáculo se revolte. Ache bárbaro, desumano. Mas o espetáculo não acaba. Pois é uma tradição e as tradições devem ser respeitadas, são os argumentos dos mais prestigiados XYianos que defendem o espetáculo. XY é uma democracia, livre, todos têm o direito de fazer, assistir e realizar qualquer tipo de espetáculo. No entanto este espetáculo é repudiado não só por cidadãos de XY, como por muitos outros países, alguns dos quais proibiram espetáculos semelhantes.

Ora será justo para cidadãos de um país viverem e conviveram com uma situação bárbara e nojenta, que mancha não só o nome do país, como o dos seus cidadãos? Será que proibir esta tradição está a retirar algum direito a alguém? NÃO! E porquê? Porque ninguém neste planeta tem o direito de maltratar um cão! Logo proibir de o fazer não está a retirar o direito a ninguém! Está apenas a salvaguardar o direito do animal! O direito de viver, o direito de se reproduzir, o direito de ser feliz.

Ora extrapolemos de volta para o nosso querido e amado país à beira mar plantado, e olhemos com mais atenção. Alguém tem o direito de maltratar um touro por divertimento? De o fechar num circulo, sem escapatória possível, e lançar sobre ele bárbaros sanguinários para lhe dilacerar a carne e o fazer sofrer, enquanto bancadas cheios de fantoches aplaudem e regozijam, porque ALELUIA a tradição foi cumprida?

Por isso proibir as touradas não vai contra os direitos de ninguém!! Apenas salvaguardará os direitos fundamentais dos animais no nosso país! Deixará de ser permitido torturar um animal por prazer, e de mostrar aos nossos filhos que isso não tem qualquer mal!

A verdade é tal e qual como o lado escuro da Lua... Ela está lá, apenas ninguém a vê...

Sem comentários:

Enviar um comentário